Mais de 'Amarelo Manga'
O Odeon estava lotado. A última pré-estréia de filme nacional que vi lá foi Madame Satã e não tinha nem metade das gentes que lá estavam.
Estava conversando com Catalina outro dia e cheguei à conclusão de que a pobreza atrai. É sério. Quem não conhece a pobreza de perto paga e vai ver no cinema como é. Cidade de Deus, Carandiru, o próprio Madame Satã e agora Amarelo Manga. Pessoas sujas, lugares imundos, gente escrota, sexo em todos os poros: ousaria dizer que a miséria excita. Essa promiscuidade tão ausente do nosso mundinho asséptico, limpo e ordenado fascina.
Não estou generalizando e dizendo que esses filmes fazem sucesso por isso, não mesmo. Mas acho que todo mundo já deve ter percebido que a maior parte do público que assiste a esses filmes e sai das salas elogiando não é de pessoas que convivem com essa realidade no seu dia-a-dia - assim como eu, assim como você ou você. É aquela velha história do estudo antropológico.
Amarelo Manga vai bem por aí. Assistam.
Eu, particularmente, gostei porque é um filme simples, sem maiores floreios, que tem o efeito que o diretor gostaria que tivesse: ser alvo de comentários, elogiosos ou odiosos. Nada de meio termo. No geral, tem boas atuações e não é bonitinho como o Leblon de Manoel Carlos.
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