segunda-feira, dezembro 15, 2003

2004 promete ou "Assumindo o personagem"

Toda vez que decido dar uma reviravolta na minha vida corto o cabelo. Sempre funciona. Dessa vez, vou fazer mais: vou cortar o cabelo sim. Talvez mais curto do que o normal, porque não? Não tenho mais medo.
E vou me mudar. Para um apartamento só meu. Na Zona Sul. Pequeno, micro, formato mínimo, mas meu, meu, para fazer o que eu quiser, levar quem eu quiser, curtir o quanto eu quiser. Ver filmes com meus amigos, comer brigadeiro nos dias de chuva - acompanhada ou não, porque companhia nunca há de faltar (modéstia a parte, acho que até hoje poucas vezes faltou : ) ).

Essa notícia deu outra disposição ao meu fim de ano. Apesar das complicações, apesar das inseguranças, apesar das neuras que têm sido uma constante na minha vida, estou me sentindo bem. It's the end of the world as we know it - and I feel fine, cantaria o Michael Stipe. Mais ou menos como quando pirei depois do Pé na Bunda do Século. Muito sexo, muito álcool (diz meu personagem) e muito tudo-de-bom (digo eu) se anunciam para 2004. Muito eu. Ou muito meu personagem. Ou os dois. As duas! Tenho que conviver com ele - o personagem - e comigo na maior parte do tempo. O Médico e o Monstro. A Modernete e a Mulherzinha. Elas que se entendam no Apartamentinho. Sim, o Apartamentinho no Flamengo, o meu.

Porque eu sou bonita, inteligente, interessante, divertida, tenho 22 anos, tenho muito pra fazer, tenho tanto pra fazer, trabalho, ganho meu dinheiro, gasto tudo em roupas lindas no Encontro de Moda da Matriz, e alguém me diz que aquele vestido ficou lindo em mim, e eu me sinto ótima, porque é ótimo se sentir desejada, querida, especial (mesmo que tenha sido um alguém possivelmente gay que tenha dito que o seu vestido é lindo). É isso. Eu sou especial e ninguém nunca pode (nem vai) me fazer desacreditar disso.

Sinto que um ciclo vai ficando para trás e outro está começando. Não quero mais chorar. Não quero mais me lamentar por não ser como eu gostaria, por não ter o que (ou quem) eu gostaria - coisas que fiz a vida toda. Nunca fui muito com a minha cara, nunca levei fé em mim, jamais acreditei no meu (pseudo) taco. Sempre me achei meio loser, meio freak. Weirdo. Mas agora things are getting different. Não quero mais ficar por baixo. Ninguém vai tirar onda comigo. Ninguém vai me sacanear impunemente. Estou cansada de só levar porrada! Estou muito afim de reagir. Tenho muito valor e foda-se quem não reconhece isso. Se a sorte lhe sorri, porque não sorrir de volta, você nunca olha à sua volta, já cantava Samuel Rosa.

Fico feliz que muita gente faça parte disso - da mudança de casa e da mudança em mim. Fico triste porque outras pessoas provavelmente não farão. Ou terão participações esporádicas. Mas em 2004 eu espero ser a pessoa certa na hora certa e no lugar certo, em todos os sentidos. Neste ano eu errei em quase todas as variáveis. Eu sei, mas não devia. Sei porque sinto. Tudo.

Mas enfim, finalmente vou viver o meu seriado. Protagonista, primeira temporada! Finalmente vou viver a minha vida. Como eu sempre quis, do jeito mais difícil - mas mais intenso e compensador que existe. Estou me sentindo bem, fazendo planos - porque certos planos valem a pena ser feitos. Outros não. Cara, como eu quero ser feliz. Acho que não é pedir muito. Acho que nem que seja um pouco, eu mereço. Como eu quero ser feliz nesse ano que vem. Aprender coisas. Entender coisas. Viver coisas. É a única coisa que eu peço. Porque I'm feeling so alive, I'm feeling so hopeful... O mundo não pode me decepcionar tanto assim. Mesmo que eu quebre a cara (só para não perder o hábito), estou afim de pagar para ver. Arriscar. Perder o medo e crescer de vez. Mesmo sendo cor-de-rosa.

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