Das coisas
É incrível como não me sinto bem no meio da juventude dourada da Zona Sul. Ontem, saindo do Vivo Open Air em direção ao ponto de ônibus (enquanto a maioria ainda chegava em seus carros com ar-condicionado), tive essa estranha sensação. Eu, tijucaníssima, grajauensíssima, vestida de mocinha - ou como diria um ex-namorado, de 'jornalistazinha alternativóide" - , camisetinha branca, calça preta, sandálias cor-de-rosa-choque e cordãozinho de miçangas no pescoço. Ao meu lado, O Futuro Cineasta, suburbano de carteirinha, camiseta laranja com De Niro em Taxi Driver, All Star preto já cinza de tão surrado e mochila nas costas. 'What the hell I'm doing here, I don't belong here', diria Thom Yorke. E é verdade. Não me sinto bem nesses lugares onde lamento a cada segundo a bananada que eu acabei de comer, o cabelo que eu deixei de pintar, a calça que eu deixei de comprar. Detesto me sentir vista, notada, não pelo que eu sou e sim pela falta de ser. Saí de lá, entrei no 158, fui para casa e pedi uma pizza. Sumi no meio da multidão. Ainda bem.
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