Enquanto espero...*
Como a gente pode se enganar tanto com as pessoas? É só o que eu consigo pensar, sentada num sofá do Municipal, enquanto espero para fazer mais uma pauta. Mais uma pauta, mais uma aposta que não deu certo, mais um dia... Hearts are broken every day, havia, há, uma música que diz assim.
De fato, corações são quebrados (prefiro dizer partidos) todos os dias. Fico pensando em quantas pessoas estão, neste minuto, pensando que a saída é se atirar da Ponte Rio-Niterói, ou da barca, no meo da Baía de Guanabara. Morrer de amor afogado é mais bonito do que tomando cianureto. Bom, eu acho.
A gente se engana com as pessoas. Andar pela Avenida Rio Branco me trouxe o temor: e se eu der de cara com ele? O que eu diria? provavelmente iria reparar - antes de tudo, juro - que o cabelo está despenteado e/ou mal cortado. Que a camisa está amarfanhada e que o conjunto da obra, duro admitir, é brega.
Ninguém supera um coração partido de uma hora para a outra. Mas acho que meu problema está em um detalhe.
As chaves.
Imagine que o sujeito foi embora praticamente implorando para levar as chaves, "eu vou voltar", só faltou cantar Palavra de Mulher, do Chico, apesar de ser homem e do fato de que ninguém mais em sã consciência acredita em palavra de homem.
Pois então, saiu levando minhas chaves. Por vezes me pergunto o que diabos ele estará fazendo com elas? Será que colou no caderno amassado na mochila? Deixado no fundo da gaveta? Para que, afinal, ele precisa das chaves de um apartamentinho no Flamengo?
Três meses. Por favor, devolva minhas chaves. Pela atenção, obrigada.
* Esse é o resultado dos meus quarenta minutos de espera no Municipal. Acabo escrevendo bobagens. Passei a limpo só para não perder, não é sempre que consigo escrever frases que façam sentido juntas : )
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